Faz um tempo eu não sei o que é saudade

As vezes de madrugada me vem uns estalos de ai meu deus onde será que tá aquele brinco que fulaninha de tal me deu quando eu estava na quinta série, e começo a revirar minhas gavetas feito louca. Às vezes calha de eu achar o brinco de fulaninha de tal, às vezes não. Da mesma forma de madrugada me vêm umas lembranças menos palpáveis que anéis e brincos, mas igualmente remexedoras de coração e sensação de que perdi alguma coisa que eu não sei onde tá. Sou péssima pra guardar coisas miúdas, anéis, brincos, tarraxas, pen drives, papeizinhos vários, (vide todas a bijuterias que eu já perdi da minha irmã, me desculpa Bárbara), em compensação minha cabeça tem um arsenal de pequenos detalhes de coisinhas que já vivi que é quase como se eu pudesse sentir o cheiro e a textura dos tecidos que me cercavam. Mas é como se o meu brinco estivesse escorrido ralo da pia adentro. Sempre que eu reclamo com a minha mãe por essa mania de perder pequenas coisinhas, sejam elas tocaveis ou não, a única frasesinha quase inconsolável que ela consegue me dar é: vão-se os anéis, ficam os dedos.