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E ali na esquina felicidade passeia na multidão


Hoje é um daqueles dias que fica caindo uma garoa gostosa pra se estar em casa ou se sentir na Europa se você está na rua, cachecolzinho, casaquinho, nariz empinado e você só pode reclamar de não ter um amorzinho do seu lado dividindo guarda chuva, mas hoje eu só me senti uma moça despreparada e prova viva de que Murphy é um homem sábio. Eu não caio mais nas peças que São Pedro manda pela manhã com aquele céu cinzento e nublado que me fazia vestir calça jeans e ir com uma blusa de manga comprida com gola rolê até o meu nariz, era dar o horário do almoço e minha universidade estava tão quente quanto o inferno quando Hitler chegou lá. É aquele mormaço que engana. Mas hoje eu deveria ter ouvido o céu cinzento e ter saído com uma sombrinha dentro da bolsa, ao invés de me sentir na europa, eu era apenas uma menina patética de short e regata abraçada mais pateticamente ainda com meu livro debaixo de um casaquinho meia boca que serve só pra fazer charme, essa cena ridícula acontecia no semáforo mais demorado de toda Águas Claras. É daqueles sinaleiros safados que abrem durante 30s (ou menos, deve ser bem menos), e permanecem fechados durante uma eternidade de pensamentos que passam pela minha cabeça (em geral são revoltas e palavrões vários destinados a administração ou qualquer pessoa que tenha decidido que é aceitável deixar um ser humano parado durante 10min num mísero semáforo). Mas aí, eis que duas almas generosas que estavam com guarda chuva param me deixando entre as duas e formam uma casinha me protegendo da chuva. Foram os 10min que eu mais mandei umas energias boas pra alguém. O fato é que seria tão fácil eu escrever sobre todas as pessoas maravilhosas que me cercam e que são tão gentis comigo sempre, mas acho que já existem milhões de textos e músicas sobre amizades e amores maravilhosos. Então sei lá, por que não um ode às pessoas desconhecidas que facilitam nossa vida nesses dias cinzentos? Nesse mesmo dia eu consegui pegar meu celular de volta, uma moça simpática achou e fez a gentileza de guardar, carregar meu celular e dar um jeito de ligar pra minha irmã avisando que estava com ela. A questão é que acho que de alguma forma, o moço que uma vez segurou um ônibus pra mim quando eu tava atrasadíssima pra um date com outra pessoa que eu conheci no aeroporto e fiquei apaixonada só porque ele estava lendo o mesmo livro que eu, a moça que guardou meu celular, as pessoas várias que se dispõe a segurar minha mochila no 110, qualquer pessoa que já tenha passado alguma direção certa pra mim por pura gentileza e energiazinha boa no coração, essas pessoas merecem uma cronicazinha de agradecimento. Afinal, somos mais desconhecidos do que conhecidos de toda esse gente ao nosso redor, mas dar uma mãozinha pra que alguém não chegue tão encharcado e mau humorado em casa, é um ato que merece reconhecimento. (A você, desconhecido, que fica parado do lado esquerdo da escada rolante enquanto tem uma fila de gente querendo passar, melhore, essa cronicazinha não te pertence)


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