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Bolo e café só dois e trinta


Bloco de notas 3.5.18 Eu posso me considerar procrastinadora ou simplesmente dizer que tenho coisa demais pra fazer, é tipo justificar a bagunça do meu quarto porque tem coisa demais aqui e quando eu tiro do lugar é burocrático colocar de volta. mas a realidade é que eu sempre enrolei pra guardar a casa da barbie e suas moradoras quando eu terminava de brincar, eu tenho isso em comum ainda com a Amanda de 10 anos atrás, da mesma forma que tenho um a fazer em comum com a Amanda de desde quando existe celular (2009?). eu sempre esqueço de limpar meu celular. e só resolvo fazer alguma coisa a respeito quando tá tudo empacado e eu nao consigo carregar imagem sem ter que apagar dez antes de baixar. até que achei essa foto que a Isabella tirou naquele app que deixa tudo fotografável. eu me martirizei durante um tempo por nao ter tirado tanta foto em São Paulo, considerando o tanto de sono que eu já perdi imaginando como seria quando eu fosse pra lá. não que fosse sonho. mas já tinha imaginado trocentas situações que me levariam até lá, desde passar na usp até uns amores meio tortos. mas aí eu fui. e que loucura né. São Paulo parece que vai te engolir. eu já tinha ouvido essa descrição, mas sentir isso é outra coisa. é uma bagunça de gente, carro, prédio, luzes, é muita história o tempo todo, muita gente o tempo todo, muita esquina (quanta esquina!), muita informação o tempo todo, é tempo o tempo todo. eu lembro de me falarem sobre o céu ser cinzento. sobre garoa. tinha aquela música do O Terno. tinha a música da Mallu Magalhães. tinha aquela da Zélia Duncan que minha mãe cantava enquanto fazia o almoço. Tem como arrancar poesia de onde você quiser em São Paulo. mesmo. São Paulo é infinita. É uma rua que dá pra outra rua que dá pra outra rua e tudo tem nome. e todo nome tem significado. tudo lá tem significado e os prédios têm história pra contar. é prédio de mil novecentos e bolinha vizinho de prédio de mil setecentos e uns quadrados. Brasília é matemática pura. setecentos, quinhentos, duzentos. vejo esses numeros de uma forma tão seca quanto o nosso agosto é. a moça do gps chega fica confusa. mas voltando. é um caos. o motorista do uber disse que é questão de costume, que quando São Paulo te morde ce não quer largar mais, ele disse. São Paulo me mordeu a ponto de até marcar uns chupões no pescoço. é arte em todo canto. cor nos muros de todo canto. tem canto. de esquina e de voz. tem cheiro. muitos círculos. eu pensei que fosse me sentir inspirada e ia querer escrever todos os dias que eu estivesse lá. mas é aquela coisa. de que inspiração é mais propícia a aparecer no ônibus do que naquele clichê de cafézinho de calçada de Paris. eu sei que me lembro de pensar que São Paulo não é de acasos. não parece ser uma cidade que você simplesmente esbarra com as pessoas por ali. porque é gente demais. ou encontro marcado. ou destino. e não existe outra opção. eu só gosto de pensar em como as coisas eram há exatamente um mês, um ano e como o mundo girou nesse tempo. as coisas que ficaram diferentes. o que permaneceu. há quase um mês atrás eu estava voltando no avião com o coração mais leve e um frio na barriga que eu não sentia fazia muito muito tempo. um mês depois, continua tudo igual por aqui.


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