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13 de março de 2017


Hoje é a primeira noite de lua cheia, o Sol está em peixes e o céu está limpo como o céu do mês de março geralmente é, o barulho silencioso da madrugada me mantém acordada juntamente com o fone que sussurra musicas sem sentido no pé do meu ouvido. 8 dias pros meus 18 anos. O calor de março de 2017 que nada tem a ver com a música que Tom Jobim canta em 1972, piora uma noite desconfortável debaixo de cobertores. As águas de março não foram suficientes pra não deixar ressecar os reservatórios que abastecem a capital do país. Não há água, mas a vida continua sendo de paus e pedras. Não sei se o fim do caminho está próximo assim, mês passado o mundo ia acabar, não acabou. Ou talvez esteja acabando todos os dias. Temos Trump presidente, Bolsonaro para 2018, tem guerra na Siria. Em quase uma semana me tornarei legalmente uma mulher que pode tirar carteira de motorista, que é obrigada a votar, que pode sair da casa dos pais e pode participar da economia do país ativamente, mas não posso realizar um aborto, caso eu queira. Há dez anos, eu tinha 7 anos e estava quase fazendo 8. Queria ser bailarina, queria provavelmente uma Casa da Barbie, UnB estava longe de ser a minha preocupação, a situação política do país, então... eu sabia o que era Beatles, que Melissa era legal, esmalte com glitter também, a moda era gostar de Rebelde, Sandy Junior acabou naquele ano, Michael Jackson ainda era vivo e Osama Bin Laden também, roubaram uma pintura do Portinari, e eu achava que ser adulto era conseguir cozinhar sozinha e ter meu próprio quarto e ser responsável. Longe disso. Uma semana pra completar dezoito anos e eu peço uma bicicleta de aniversário. Depois que Michael Jackson morreu, eu morria de medo do fantasma dele aparecer pra mim, e minha mãe dizia que esse medo de alma penada ia passar, pobre mãe... Quando eu estava na primeira série Plutão deixou de ser planeta, e por esses dias descobriram planetas com possibilidade de vida em outra galáxia, pobre Plutão... Eu sempre acreditei em ETs, pelo menos. Os pés continuam gelados, separo os verdinhos e odeio cebola (mas tive que me render quando percebi que realmente, comida sem cebola não tem gosto) e esmalte com glitter ainda me deixa feliz, apesar das espinhas aparecerem agora, ainda pego brigadeiro antes do parabéns, mas se isso é de algum conforto pra Amanda de 2007, aprendemos a fazer nosso próprio brigadeiro, o que anda sendo bastante útil nessa época de inferno astral. Mas a gente ainda não sabe o que vai ser da vida, meu amor. (ao menos contar estrelas não dá verruga nos dedos, como você bem acreditava, mas São Jorge continua lutando com o dragão na lua. Eu sei que você também consegue ver)


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