Às sete horas da manhã do dia errado

Há quase uma semana tenho 17 anos, e ainda não consigo descrever exatamente qual a sensação de estar no meio-termo, semana que vem tenho que tirar boas notas na prova aberta do colégio e ano que vem tenho que tirar boas notas nos teste de direção e pro vestibular. Há 5 anos atrás eu estava na sexta série e daqui 5 anos já vou ter terminado a faculdade, há dez anos atrás eu estava começando a primeira série, daqui a dez anos provavelmente estarei casada. Posso contar uma infinidade de pessoas que entraram, uma infinidade de pessoas que saíram, mas sobra dedos pras que permaneceram. E talvez seja essa a parte mais dolorosa de tudo, porque não é fácil perder pessoas queridas, "mas é a vida...", é a vida... Da mesma forma que muitas pessoas deixaram histórias delas comigo durante esses 17 anos, existem muitas histórias minhas espalhadas por ai. Well she was just seventeen, you know what I mean, não, Paul, eu não faço ideia do que isso significa, ou talvez até faça, mas estou deixando a ficha presa, porque as vezes é muito mais fácil ter 15, 13 anos. Mas talvez daqui há 20 anos eu diga que é muito mais fácil ter 17 anos. Talvez eu esteja ficando mais chata, ou talvez apenas, não dando mais tanta importância pra algumas coisas que antigamente eu achava que eram do tamanho do universo. Mas veja bem, meu bem, que a verdade é que existe ainda um universo imenso, e esse texto está menor do que eu planejei, e que talvez eu ainda não tenha vivido nem um quinto do que o meu mapa astral planeja pra mim.